terça-feira, 24 de junho de 2008

Doenças e Pragas da Cebola

Manejo Integrado de Pragas

Geni Litvin Villas Bôas

Manejo Integrado de Pragas (MIP) pode ser definido como a utilização harmônica de diferentes medidas de controle de pragas, visando obter resultados econômicos favoráveis ao agricultor e a preservação do meio ambiente. Essas medidas podem ser agrupadas em controle cultural, controle físico, controle biológico e controle químico.
A seguir são destacadas as pragas principais e secundárias da cebola, incluindo descrição e biologia, ecologia, danos e medidas de controle.
Pragas principais
Tripes - Thrips tabaci (Lindeman, 1888), (Thysanoptera: Thripidae)
Atualmente, é a principal praga da cultura da cebola no Brasil.
Descrição e biologia – os adultos são insetos pequenos (1 mm de comprimento), corpo alongado, com coloração amarelo-claro a marrom e asas franjadas típicas. Os ovos são colocados nos tecidos tenros da planta e após quatro dias eclodem as formas jovens. As ninfas são mais claras que os adultos, medem 1 mm de comprimento e não possuem asas. Vivem em colônias, alojando-se nas bainhas das folhas e alimentam-se da seiva da planta. O ciclo completo, de ovo a adulto, tem duração aproximada de 15 dias, de acordo com a temperatura.
Ecologia – altas temperaturas e poucas chuvas favorecem o aumento populacional do inseto. Migram de hospedeiros silvestres, como gramíneas.
Danos – Com ataque intenso pode-se observar áreas esbranquiçadas ou prateadas nas folhas, que ficam retorcidas, podendo secar completamente, comprometendo o crescimento da planta. Causam perdas na produção, devido à redução do tamanho e peso dos bulbos. Plantas muito danificadas não tombam por ocasião da maturação fisiológica, o que facilita a entrada de água até o bulbo, aumentando as perdas da produção por apodrecimento. O período crítico compreende os estádios vegetativos e de bulbificação. Foi verificado que existe correlação entre altas populações de tripes e a doença mancha púrpura, causada pelo fungo Alternaria porri. Os tripes também podem transmitir viroses. Em anos secos, as ninfas atacam também os bulbos, permanecendo sob a pele, causando danos à escama externa, comprometendo a qualidade do produto e o tempo de armazenamento.
Controle – Recomenda-se a adoção do manejo integrado, com ênfase em:
respeitar a época adequada de plantio, procurando fugir dos períodos que favorecem a maior densidade populacional da praga, como alta temperatura associada a períodos de seca;
escolher cultivares de cebola mais tolerantes ao inseto, de folhas lisas e pouca cerosidade, com bainha circular e com maior ângulo de abertura. Cultivares precoces geralmente sofrem menores perdas, pois escapam do pico populacional dos tripes;
evitar plantios consecutivos da cultura, que favorecem a migração do inseto para as culturas mais novas;
adotar as recomendações do nível de dano, ou seja, iniciar o controle químico, no estádio vegetativo, quando forem amostrados 15 tripes/planta, e após esta fase, quando forem amostrados 30 tripes/planta.
O controle natural é feito por meio de larvas de dípteros da família Syrphidae e alguns coleópteros.
Controle químico
Utilizar produtos registrados para a cultura e a dosagem indicada no rótulo. A adição de açúcar a 2 % na calda de pulverização melhora a eficiência dos defensivos;
intensificar o controle químico no estádio de bulbificação;
utilizar bico tipo leque com jatos dirigidos para as bainhas das folhas;
efetuar as pulverizações no final da tarde, com temperaturas mais amenas;
realizar rotação de ingredientes ativos, para evitar a resistência do inseto aos produtos.
Na Tabela 21 estão os produtos registrados para o controle de tripes em cebola.
Tem sido observado que o controle químico, por si só, embora reduza a população de tripes, não contribui para um aumento na produção.
Lagarta-rosca - Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767), (Lepidoptera: Noctuidae)
Descrição e biologia – os adultos são mariposas de 35-50 mm de comprimento, com asas anteriores marrons com manchas pretas, e asas posteriores semitransparentes. Possuem grande capacidade de postura, sendo que uma fêmea põe, em média, 1.000 ovos. Os ovos, de coloração branca, são colocados nas folhas. As lagartas, de 45 mm de comprimento e cor marrom-acinzentada, apresentam hábitos noturnos e durante o dia ficam enroladas, abrigadas no solo. Esse hábito de se enrolar é que deu origem ao nome “lagarta-rosca”. A duração da fase larval é de 30 dias, em média. Transformam-se em pupa no solo, permanecendo neste estádio por 15 dias, quando emerge o adulto.
Ecologia – migram de plantas hospedeiras, como gramíneas.

Danos – as lagartas cortam as plantas novas, na região do colo. Podem alimentar-se dos bulbos no campo, em períodos de seca prolongada, favorecendo seu apodrecimento durante o armazenamento. Solos com elevado teor de matéria orgânica favorecem sua ocorrência.
Controle – Recomenda-se a adoção do manejo integrado, com ênfase em:
· realizar bom preparo de solo e eliminar as plantas hospedeiras. Em geral, o ataque severo está relacionado com a cultura anterior e com o histórico da área, bem como com a utilização de práticas culturais inadequadas;
· evitar o uso de cobertura morta, restos culturais e restos de capina na área cultivada. Estes materiais oferecem abrigo às lagartas, protegendo-as de eventuais predadores e de outras medidas de controle.
O controle natural é feito por microhimenópteros e dípteros.
Controle químico
- Deve ser realizado ao final da tarde, dirigindo-se o jato de pulverização ao solo, junto à base das plantas e em alto volume para facilitar o controle;
- em regiões onde é comum seu aparecimento, podem ser preparadas iscas tóxicas, com 1 kg de farelo grosso de trigo, 4 g de inseticida (Trichlorfon ou Carbaryl), 50 g de açúcar, suco de uma laranja e 50 g de óleo de soja. Usar água para umedecer uniformemente a mistura, que deve ficar suficientemente úmida para ser distribuída na lavoura, sem ficar aglomerada. Recomenda-se utilizar 30 kg/ha. Aplicar no final da tarde, ao longo das fileiras atacadas;
Na Tabela 21 estão os produtos registrados para o controle da lagarta-rosca em cebola.
Pragas secundárias
Em geral, são pragas que ocorrem esporadicamente na cultura e os agrotóxicos utilizados para o controle das pragas principais também exercem controle satisfatório.
Ácaro-da-cebola - Eriophyes tulipae (Keifer, 1938), (Acari: Eriophydae)
Descrição e biologia - apresentam forma alongada, difíceis de serem vistos a olho nu. Ficam nas dobras das folhas e no bulbo.
Danos - os adultos sugam a seiva, provocando um retorcimento típico, estrias cloróticas e o secamento das folhas. Causam nanismo nas plantas e os bulbos ficam chochos, tanto no campo como no armazém.
Controle
Normalmente não necessitam controle específico. Os inseticidas utilizados para tripes também controlam estes ácaros.
Larva minadora - Liriomyza sp., (Diptera: Agromyzidae)
Descrição e biologia - o adulto é uma mosca de 2 mm de comprimento, com coloração preta no tórax e abdomem amarelo. Os ovos são colocados no tecido foliar. As larvas, de coloração amarela, transformam-se em pupas no solo.
Ecologia - clima quente e seco, bem como a utilização inadequada de inseticidas favorecem o aumento populacional.
Danos - as larvas formam galerias no parênquima foliar em forma de serpentina, reduzem a área foliar, e podem disseminar doenças fúngicas.
Controle
Este inseto é controlado naturalmente por inúmeras espécies de predadores e parasitóides. Em geral, não necessita de controle químico;
destruir restos culturais e evitar plantios de culturas suscetíveis próximas à cultura da cebola;
não utilizar agrotóxicos em excesso na cultura, para não destruir a população de inimigos naturais da praga, presentes na área.
Moscas da cebola - Delia platura (Meigen), (Diptera: Anthomyiidae)
- Pseudosciara pedunculata Enderlein - (Diptera: Sciaridae)
Descrição e biologia
D. platura: os adultos são semelhantes à mosca doméstica, medem 8 mm de comprimento e apresentam coloração preto-acinzentada. São reconhecidos pelo vôo lento e baixo e podem ser encontrados próximos à superfície do solo, nos canteiros atacados. As larvas branco-amareladas medem 5 mm de comprimento.
P. pedunculata: os adultos são moscas pretas de 5 mm de comprimento. As larvas branco-amareladas medem 9 mm de comprimento e têm a cabeça preta.
Danos
D. platura: as larvas perfuram a raiz na região da coroa, o que favorece o ataque de patógenos e o conseqüente apodrecimento. Podem causar danos às mudas na fase de canteiro e após o transplante. É uma praga polífaga que ataca também feijão, milho e soja.
P. pedunculata: as larvas danificam o sistema radicular da cebola cultivada na presença de matéria orgânica em decomposição, proveniente de restos de culturas como o milho, ervilhaca e aveia. Alimentam-se das raízes externas e provocam amarelecimento e encarquilhamento da folha central das plantas.
Controle
Manter a cultura da cebola em terrenos mais secos;
os restos culturais devem ser bem decompostos e bem incorporados ao solo. Matéria orgânica em decomposição favorece o aparecimento desse inseto;
como as larvas ficam no solo, o controle químico não é eficiente, e não vem sendo recomendado.

Fonte: http://www.cnph.embrapa.br/sistprod/cebola/pragas.htm








Principais Doenças e Pragas da Cebola.





*Doenças causadas por fungos








1) Mancha púrpura





É uma das principais doenças da cebola em locais de clima quente (25-30ºC) e úmido. É causada, normalmente, por Alternaria porri (Ellis) Cif., mas também pode ser causada por Stemphylium vesicarium. Os dois fungos também infectam alho, cebolinha e alho porró. O principal sintoma da doença se manifesta nas folhas que inicialmente apresentam pequenas pontuações brancas e de formato irregular. Lavouras muito atacadas podem sofrer drástica redução do tamanho dos bulbos e, consequentemente, redução na produção. Quando as lesões são localizadas no pendão floral, estas podem provocar sua quebra.


2) Antracnose



Esta doença pode ser bastante destrutiva em cultivos de verão sob irrigação por aspersão ou em época chuvosa. É causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides f. sp. cepae. Em plantas adultas no campo pode haver formação de manchas alongadas, deprimidas e de coloração parda nas folhas; lesões no bulbo e/ou enrolamento das folhas e formação de bulbos charutos em vez de bulbos normais. Na fase de armazenamento pode haver podridão de bulbos.












3)Míldio


Esta doença é muito importante em regiões com temperaturas mais amenas e alta umidade do ar. É causada pelo oomiceto Peronospora destructor. Temperaturas amenas (entre 12 e 21ºC) e alta umidade relativa (acima de 80%) favorecem a ocorrência de epidemias da doença. Os sintomas iniciam-se com uma descoloração nas folhas que evolui para uma mancha alongada no sentido do comprimento da folha. Com o avanço da doença, hastes florais e folhas podem quebrar e/ou secar.

4)Ferrugem


Esta doença é mais comum no alho, mas pode causar algum dano à cebola em condições de temperaturas amenas e alta umidade relativa. É causada pelo fungo Puccinia alli. Os sintomas ocorrem nas folhas e iniciam-se com pequenas pústulas elípticas, a princípio recobertas pela cutícula. As urédias (pústulas) são amareladas e salientes na folha. Nesta fase, a planta apresenta-se com folhas secas e depalperada e a produção já está comprometida, devido ao pequeno tamanho dos bulbos produzidos.